domingo, 23 de maio de 2010

Francisca Gonzaga


Gostaria de escrever sobre a mulher que para mim foi a mais importante da história brasileira: Francisca Edwiges Neves Gonzaga. Chiquinha foi mais do que uma personagem de minissérie da Globo –GRAÇAS A DEUS!-.
Filha bastarda de uma mestiça com um militar de grande carreira, numa relação “baseada no pecado da carne”. Quando criança foi conhecida como , a bastarda da Rua do Príncipe,devido a relação oficiosa de seus pais ,que após seu nascimento veio a ser ratificada pela igreja.
Chiquinha foi educada para serem o que todas as jovens de sua época deveriam ser, boas esposas. Tinha aulas em casa, ministradas por um padre, apenas para aprender a ler as receitas, as orações, os romances do folhetim e o piano, para distrair o marido quando este chegasse cansado. Mas foi no piano que descobriu como extravasar seus sentimentos.
Casou-se aos 16 anos, com Jacinto Ribeiro do Amaral, um rapaz de boa família. Sua história deveria terminar aqui, aos 16 anos seria uma boa esposa,cuidaria dos filhos , das ordens da casa e iria aos bailes da corte. Porém para a sorte da musica popular, a vida de Chiquinha não terminaria aqui.
O casamento com Jacinto era extremamente tempestuoso. Jacinto era um homem autoritário e não via com bons olhos o interesse da esposa pela música , por vezes tentou afastá-la dos devaneios musicais.Até que ela se afastou da realidade de esposa ,abandonando assim o marido , perdendo o direito de estar com seus ,até então, três filhos e rompendo qualquer relação com sua família.Chiquinha não tinha medo de ousar, se divorciou um século antes do divórcio ser um direito,para escândalo da sociedade.
Casou-se novamente, porém não deu certo. Foi viver num sobrado.Ministrava aulas particulares de piano e outras matérias para sobreviver. Envolve-se com o subúrbio do Rio, com a música popular que ainda era um bebê. Tornou-se compositora , maestrina e foi uma dos criadores dos direitos autorais .
Francisca morreu com certa fama, já senhora compôs sua música mais famosa e precursora das marchinhas de carnaval. Ela, sem dúvida, foi singular na história brasileira, devido a tamanhas façanhas que realizou. Admiro-a muito e a tantas mulheres que romperam( e rompem!) totalmente com o padrão .Dizem que quando mulheres como Chiquinha Gonzaga morrem ,os anjos cantam ”oh abre alas”.

sábado, 1 de maio de 2010

Fantasmas silenciados do Brasil

Gostaria de escrever diversas coisas nesse meu espaço, porém, por onde começar? Falar da política?Da história? Do amor? Do samba? ... Escolho falar da decisão do STF de não revisar a lei de anistia.
Para quem não acompanhou a OAB entrou com uma ação propondo a revisão da lei de anistia, legislação que perdoou crimes comuns cometidos por agentes do Estado durante o período militar. Acompanhei pela TV Justiça e pelo blog do Paulo Henrique Amorim. Foram nove dos onze ministros que votaram... O destino de milhares de pessoas que sofreram as maiores atrocidades mentais e corporais nas mãos de homens do Estado e de todos os outros brasileiros que não tem direito perante a história de seu país.
Triste, realmente triste, falar que continuamos num país de fantasmas ignorados. Recordo-me de Paulo Arantes quando diz: O que resta da Ditadura?Nada. Só a ditadura. Infelizmente vivemos na ditadura do silêncio .Até quando esperaremos para ver os arquivos secretos da ditadura? Até quando vamos esperar para realmente fazer justiça nesse país?Quando a Justiça realmente será justa?
2010, ano de copa do mundo,quando envolvidos pelo sentimento misto de paixão e patriotismo,assistimos a todos os jogos do Brasil. Nos jogos contra a Argentina, onde o nacionalismo é máximo, afinal, rivalizamos até em cuspe à distância. No momento em que o hino nacional é executado deveríamos olhar nos olhos dos argentinos e ter vergonha do Brasil . Argentina, que teve uma ditadura tão sangrenta, revelou e julgou os crimes do estado, abriu as feridas deixadas pelo regime militar para fechá-las como se deve, enquanto nós a tapamos com curativos velhos e podres. Quando jogarmos contra o Chile,deveríamos sentir vergonha.Chile, que sofreu tanto com o chicote de seus donos ,abriu um museu dedicado a eles intitulado Museu da memória e dos direitos humanos, para que todos os chilenos possam sentir a dor de quando eram açoitados e jamais tenham o desejo de voltarem aquele estado de governo.
Nossos ministros torturadores NÃO QUEREM rever a lei! Já entendi. Mas o que me consola nisso tudo é acreditar que nossa AMADÍSSIMA elite saiu perdendo no seu jogo.A tão sonhada cadeira permanente no conselho de segurança da ONU,o grande sonho da elite brasileira de estar cada vez mais perto dos países “desenvolvidos” ,de mandar no mundo com as grandes potências mundiais, foi embora.Afinal, o Brasil não passa de um escravo de terno e pés descalços...Como deixar um país que anistia torturadores fazer parte do conselho de segurança da ONU,o GRANDE PROPAGADOR DA PAZ E DA LIBREDADE ENTRE OS POVOS!???
Penso nisso e a felicidade me invade, porém, o Brasil sacrificou o pobre irmão Haiti com as suas “tropas de paz” em nome de uma cadeira... A tristeza volta a invadir-me e uni-se aos fantasmas dos mortos injustiçados no meu país. O que fazer? Deixar, como nossos ministros deseja que caiam no esquecimento?Não farei isso. Eu sigo o exemplo dos Chilenos e Argentinos e lembrarei todos os dias dos fantasmas das pessoas que desconheço ,para que jamais sejam esquecidos novamente.

Por enquanto é só, espero que tenham gostado do texto.